Rubens Amador
Conheci o cantor Teixeirinha
Rubens Amador
Jornalista
Pegado à minha casa, defronte onde hoje moro, ali na rua Anchieta, eram nossos vizinhos a família Salcedo: o senhor Luiz, dona Círia e seus filhos Vera e Luizinho.
Vera Salcedo tocava muito bem acordeão. De tal forma era conhecida aquela jovem de então 16 anos de idade que Vitor Mateus Teixeira, que viria a se tornar no grande cantor gaúcho Teixeirinha, campeão de vendas de disco e que fez alguns filmes no cinema, dirigidos sempre por meu amigo Milton Barragan, filmes de "enchente", ficou sabendo da existência da moça Vera, excelente acordeonista, e veio até sua casa falar com seus pais para saber se eles permitiriam que ela fizesse dupla com ele profissionalmente. Ele no violão e ela no acordeão. Obteve a natural negativa dos pais da então menor Vera e, assim, não permitiram que ela se tornasse parceira do iniciante cantor.
O ano era 1961. Teixeirinha tinha então 34 anos de idade no dia da visita, na qual estavam eu e minha esposa a tudo assistindo. Teixeirinha estava recém se tornando famoso com sua música "Coração de luto", em que narrava a morte de sua mãe. Na ocasião, eu sempre trazia minha câmera fotográfica e fotografei Teixeirinha, que cantava para nós a música que tocava em todas as rádios gaúchas e que foi o primeiro sucesso seu entre uma centena de composições que fez depois.
No Dia de Finados, vi um programa de televisão em que apareceu o cemitério onde, sobre o túmulo de Teixeirinha, existe uma bonita estátua sua dedilhando a um violão. Foi então que me lembrei do episódio que narrei acima. Telefonei à Vera, hoje uma conceituada advogada atuando em nosso Foro, se havia guardado uma foto das que tirei na ocasião. Pois tanto ela quanto eu sabemos que temos tais fotos do então Teixeirinha com 34 anos apenas naquela visita em sua casa. Só não sabemos onde se encontram.
Vitor Mateus Teixeira foi o único homem que eu vi, bem como todos gaúchos puderam ver, como ele resolveu morrer. Mary Teixeirinha era então não só sua "partnaire", mas também a sua grande paixão. Com ela viveu maritalmente por mais de 20 anos. E tiveram dois filhos. Ela, certo dia, trocou-o por um conhecido de Teixeirinha, Ivan Trilha. Com quem acabou casando-se por cinco anos e também tendo filhos. Com ele partiu para longe. Neste dia, então, o festejado cantor começou a morrer. Quem o via cantando, podia perceber claramente a tristeza que o inundava. E foi caindo, caindo - fisicamente -, até que morreu prematuramente, aos 58 anos, no auge do sucesso, o hoje considerado no setor musical dos pampas como o grande Vitor Mateus Teixeira, o Teixeirinha. Que conheci quando tinha 34 anos, começando sua história, tocando e cantando "Coração de Luto", naquele distante ano de 1961, quando pedia permissão, que lhe foi negada, de escolher a então jovem Vera Salcedo para formar com ele uma dupla. Ela hoje conceituada advogada de nosso Foro.
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